Internacional: Um conto de fadas no Brasileirão

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Imagem de Pexels por Pixabay

O time gaúcho protagonizou momento de altos e baixos durante toda temporada 20/21. Como se fosse um filme, ou então uma história de um livro, onde temos supostos vilões, mocinhos, herói improvável, e tudo que uma grande história merece. Segue abaixo o resumo da temporada do Colorado, ainda com o seu final em aberto.

O INÍCIO DE UM SONHO

Após temporadas de frustrações, e uma longa seca de títulos, o Inter aproveitou o “fenômeno Jorge Jesus”, e correu atrás de um treinador de fora do país. A busca era por um profissional moderno, de padrão, e acima de tudo, vencedor.

A escolha foi pelo argentino Eduardo Coudet, campeão pelo Racing. Ainda em dezembro de 2019, clube e treinador chegaram em um acordo, e Coudet aceitava o maior desafio da sua carreira.

Tudo que o Inter queria, o técnico lhe dava. Um jogo intenso, de marcação forte, modelo ofensivo muito claro, com saída de 3 jogadores, alas em amplitude, mudanças de posição, etc.

O treinador, no entanto, não mudava seu modelo de jogo, mesmo com seus jogadores tendo dificuldades de assimilar um novo esquema. O Inter oscilava de produção, e pra piorar, tinha o enfretamento com o maior rival.

Sem vencer há mais ano o Grêmio, Coudet chegava para desbancar esse tabu e tornar o Internacional o favorito das casas de apostas. Não foi o que aconteceu. E foi aí, que essa história teve sua primeira fase de apreensão.

COUDET PRONTO PARA SER DEMITIDO

No Rio Grande do Sul, poucas coisas importam mais em relação a futebol, do que o Grenal. Ser vencedor no clássico é um ponto que pesa a balança, entre um profissional valorizado, ou um que está sempre na linha de tiro.

Coudet fazia um trabalho bom, mas a insistência em peças de confiança, como o volante Musto, a incapacidade de mudar seu esquema com uma saída com o primeiro volante sem técnica, e jogos em que se colocava em exposição demasiada, acabava por lhe tirar a admiração dos colorados.

O treinador não conseguia vencer o Grêmio, perdeu a partida classificatória, e nos playoffs do Campeonato Gaúcho. Na fase de grupos da Libertadores, os clássicos mais importantes da história, válidos pela maior competição do continente.

Primeira vez que isso acontecia, e o primeiro a vencer, foi o rival. A torcida esbravejava, e pedia a saída do treinador a todo momento.

Para piorar, o treinador perdia peças importantes do seu esquema de jogo. Com graves lesões, o Inter pedia o atacante Paolo Guerrero, o lateral-direito Saravia e o meia Boschilia.

A PRIMEIRA REDENÇÃO

A direção manteve o treinador, e apostou na sua continuidade para o Campeonato Brasileiro. Com o tempo se mostrou uma decisão acertada, o time encaixou, e realmente teve o retorno que o clube almejava.

O time nas mãos de Coudet voltou a ter intensidade, uma marcação alta e forte. Além disso, muito jogo apoiado pelos corredores laterais, uma transição ofensiva interessante.

O colorado ia avançando na Copa do Brasil, passou de fase na Copa Libertadores, e assumiu a liderança do Campeonato Brasileiro. Definitivamente o Inter se colocava como um forte candidato aos títulos de 2020, até que…

O MOMENTO DRAMÁTICO DA HISTÓRIA

Eduardo Coudet se mostrava com uma personalidade forte, e notícias davam conta que o treinador em certos momentos entrava em atrito com a diretoria. O motivo? Reforços.

Na opinião do treinador, o grupo era curto. Essas eram exatamente as palavras que Coudet utilizava em algumas entrevistas coletivas, expondo o seu elenco e também a diretoria.

Coincidentemente, o time começou a ter algumas atuações fracas em sequência, como diante do Corinthians e Coritiba, em casa. Na mesma semana, Eduardo Coudet surpreendentemente, abandonou o trabalho no Internacional, para assumir o Celta de Vigo, da Espanha.

A proposta era tentadora, estar na vitrine da primeira divisão da Espanha, era um sonho. O treinador vinha se valorizando, e aquilo caiu como uma bomba no Beira-Rio.

Pode se dizer que foi uma surpresa, pois o Inter entrou em acordo com o treinador ainda com o Campeonato Argentino em andamento, e Coudet exigiu terminar sua campanha com o Racing. Não teve a mesma consideração com os brasileiros.

Para o seu lugar foi contratado Abel Braga. Experiente treinador, vários títulos na carreira, ídolo do clube, que levou o Inter ao primeiro título da Libertadores de sua história, e ao título mundial.

No entanto, vinha em péssima fase, de trabalhos catastróficos, o último no Vasco. A torcida em sua maioria rejeitava a contratação.

Abel começou totalmente perdido, um modelo de jogo pragmático, sem poder de criação, totalmente incapaz de ser dominante, até mesmo contra equipes de menor qualidade. Foi eliminado da Copa do Brasil pelo América-MG.

Na Libertadores, perdeu em casa para o Boca Juniors, foi ficando cada vez mais distante da liderança do Campeonato Brasileiro. O Inter naquele momento era considerado carta fora do baralho nas apostas esportivas, inclusive fazendo o clube procurar Miguel Ángel Ramirez, e fechar um acordo com o treinador do Independiente del Valle, já para o mês de março.

A SEGUNDA REDENÇÃO

Foi no segundo jogo contra o Boca Juniors, na temida Bombonera, onde tudo começou a mudar. Torcedores desacreditados, eliminação iminente, e trabalho cada vez mais contestado.

O Inter fez um baita jogo. Anulou completamente as ações ofensivas dos argentinos, uma transição ofensiva forte, meio-campo muito combativo. Os brasileiros saíram na frente, tiveram a chance de marcar outros gols, mas a decisão foi para os pênaltis.

Assim como diante do América, foi eliminado, mas o time saía de Buenos Aires fortalecido. Com uma atuação forte, sólida, e com a sensação que o treinador havia achado seu modo de jogar.

O Inter voltava então à disputa do Campeonato Brasileiro. O time conectou uma sequência de 8 vitórias seguidas, assumiu a liderança e abriu vantagem considerável aos demais concorrentes.

Mas foi além disso. Humilhou o São Paulo em pleno Morumbi, com um 5-1 imponente. Quebrou o tabu contra o Grêmio, virando o jogo nos 5 minutos finais da partida. Quais foram os motivos?

  • Volta de rodrigo dourado como primeiro volante. Deu sustentabilidade ao meio-campo, forma uma trinca de marcadores com Patrick e Edenílson, e ao mesmo tempo libera os dois a atacarem mais.
  • Jovens na frente. A entrada de Yuri Alberto no ataque deu mobilidade e um grande poder de fogo. Ainda tem as chegadas dos meninos Praxedes e Caio Vidal. Quando o primeiro joga, Patrick vai para a ponta esquerda, e este é o melhor jogador do Inter na minha opinião.
  • Bola aérea forte. O time faz muitos gols de cabeça, acaba tendo uma arma a mais que a maioria dos times brasileiros na atualidade.
  • Marcação forte e transição rápida. Não e um time brilhante, mas é muito intenso. Consegue ter muito controle do meio-campo, e atacar em velocidade.

Tem pontos fracos também, é claro. Não tem um armador clássico, não tem valorização de posse de bola com rodagem e infiltrações. Portanto, contra equipes extremamente defensivas, pode ter algumas dificuldades.

Mas é muito mais intenso do que o resto dos seus adversários. Restam poucos jogos para o final do campeonato, e o time depende apenas de si para ser campeão nacional depois de 42 anos. Na Betano o Inter é o grande favorito ao titulo.

Uma história que mais parece um roteiro fictício, que pode trazer uma taça que nem o mais otimista dos colorados acreditava, poucas semanas atrás.

E então, será que os colorados terão um final feliz?

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