A temporada 2020-21 do futebol europeu será a quinta do técnico espanhol Pep Guardiola à frente do Manchester City. Desde que chegou ao clube inglês, o catalão conquistou dois títulos da Premier League – sendo que em um deles a equipe alcançou um recorde de 100 pontos numa única edição da competição –, três Copas da Liga, uma Copa da Inglaterra e duas Supercopas da Inglaterra.
Apesar desse bom desempenho a nível nacional, é inegável a decepção quanto às participações da equipe na Liga dos Campeões da Europa. Afinal, levando em conta todo o dinheiro investido no clube pelo sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan, esperava-se que a essa altura o City já tivesse feito algo parecido com o que o Paris Saint-Germain fez na temporada passada, quando chegou pela primeira vez em sua história à final da competição.
Nas últimas quatro temporadas, porém, os Cityzens sequer chegaram às semifinais da Liga dos Campeões. Essa situação talvez fosse menos incômoda para os seus torcedores caso a equipe tivesse sido eliminada por grandes da Europa, como Real Madrid ou Juventus. Em todas essas quatro ocasiões, porém, o City foi eliminado por clubes de investimento muito menor do que o seu: Monaco (2016-17), Liverpool (2017-18), Tottenham Hotspur (2018-19) e Lyon (2019-20).
A eliminação contra o Lyon foi talvez a mais dolorosa, visto que era um consenso por parte dos prognosticadores profissionais que o Manchester City era um dos grandes favoritos para vencer a última Liga dos Campeões. Tanto é assim que, desde o fim da competição, qualquer um já pode apostar aqui no seu favorito para vencer a próxima Liga dos Campeões e constatar que, novamente, o City é considerado um dos mais sérios candidatos para a conquista desse troféu.
Mas o que faltou em 2019-20 para que o clube conseguisse esse título inédito? Sem dúvida que é importante fazer algumas considerações de natureza técnica, principalmente no que se refere à defesa – setor que foi considerado o calcanhar de Aquiles dos Cityzens na temporada passada. A equipe perdeu pontos preciosos na Premier League após a lesão de seu principal zagueiro, o francês Aymeric Laporte, e Guardiola se viu tendo que improvisar o volante Fernandinho na posição.
Mas a impressão que fica é que, acima de tudo, o que mais falta é confiança e estabilidade emocional. Mesmo os fãs de Guardiola hão de convir que muitas vezes é difícil entender o que se passa na cabeça do espanhol, e isso, se por um lado confunde seus adversários, também confunde seus próprios comandados. Na derrota para o Lyon, por exemplo, foi adotada uma formação tática inusitada que contribuiu bastante para o desempenho abaixo da média que o City teve no primeiro tempo da partida.
Essa falta de estabilidade, por sua vez, fez dos Cityzens de Guardiola uma equipe muito irregular nos últimos meses. Afinal, como se explica uma equipe que num dia goleia o campeão inglês Liverpool por 4 x 0 e, três dias depois, perde para o Southampton, que terminou em 11º na Premier League? Ou então, como se explica uma equipe que derrota o campeão espanhol Real Madrid nas oitavas de final da Liga dos Campeões apenas para, uma semana depois, ser derrotada pelo Lyon, que terminou o último Campeonato Francês na 7ª posição?
É provável que nem mesmo Guardiola tenha as respostas para essas perguntas. No entanto, talvez a solução para boa parte dos seus problemas esteja no seu próprio retrospecto recente. As suas duas melhores temporadas com o Manchester City até aqui foram 2017-18 e 2018-19, e em ambas o técnico espanhol fez muito menos variações táticas na equipe. Caso consiga encontar uma formação que novamente lhe inspire confiança, Guardiola tem tudo para, em 2020-21, não só voltar a conquistar o Campeonato Inglês, mas também finalmente levar os Cityzens a um patamar mais elevado a nível europeu.