Primeiro colocado do Grupo A da Taça Evaldo Poeta (primeira fase) e líder parcial da mesma chave na Taça Francisco Novelletto (segunda fase do Campeonato Gaúcho); líder parcial do Grupo E da Taça Libertadores da América, ao lado do rival Grêmio, após deixar pelo caminho dois adversários considerados difíceis nas fases preliminares – a tradicional Universidad de Chile e os colombianos do Tolima, conhecido dos torcedores brasileiros. Quem se importa com resultados acima de tudo deve concordar que a temporada do Internacional até a interrupção, em decorrência do Estado de Pandemia declarado pela OMS por conta do Covid-19, vinha sendo positiva.
Mesmo deixando escapar para o Grêmio a vaga na decisão do primeiro turno do campeonato estadual, o comando de Eduardo “Chacho” Coudet vem dando gradualmente bons frutos ao Colorado. Através de números altamente favoráveis, em especial de posse de bola, passes e finalizações (diante da Universidad Católica foram 28 contra 3 do adversário), o técnico argentino vem trazendo ao Inter o estilo de jogo que o consagrou em território hermano. Marcação em linhas, triangulação veloz verticalizada e volume intenso de jogo eram igualmente características do Racing, campeão da Superliga Argentina, e do Rosario Central, seu trabalho de estreia que chamou a atenção em 2016.
O sucesso de Chacho no país vizinho aliado à popularização da importação de estrangeiros nas pranchetas foram os fatores que fizeram o Inter arriscar no treinador com estilo de jogo propositivo, após algum tempo de experiência com o futebol “reativo”. As mudanças foram, de pronto, notórias (e notáveis); atletas como Edenílson e Rodrigo Lindoso mostram a diferença entre o papel e a prática – permanecem atuando como volantes, porém com funções em campo voltadas ao jogo flexível e móvel. Por exemplo, na partida de ida da primeira fase da Pré-Libertadores, contra La U em Santiago, Coudet lançou mão de quatro volantes para iniciar: Musto, Patrick, além dos citados Edenílson e Lindoso. Mas, ao contrário do que a formação pudesse indicar, o jogo de Chacho com quatro volantes de origem não teve nada de essencialmente reativo; com 67% de posse de bola e 572 passes (mais do que o dobro que o adversário), o Inter exerceu pleno domínio da partida e só não venceu por problemas na pontaria – que viriam a ser corrigidos na partida de volta, diante do torcedor colorado confortáveis 2 a 0.
Assim, ainda que com breves 15 partidas à frente do Internacional, o torcedor colorado pôde ter uma amostra do que o comando de Eduardo Coudet pode trazer na temporada. Já é realidade imaginar uma temporada superior à alcançada por seu antecessor Odair Hellmann, em 2019. Contudo, é pelo desempenho em campo e metodologia de trabalho que o argentino busca conquistar o respeito e admiração dos brasileiros. Fortalecido em relação ao do ano passado, o plantel colorado foi planejado de acordo com as características de Chacho: Damián Musto, o fiel escudeiro; – contratação exigida junto ao Huesca, da Espanha, após boa parceria nos tempos de Rosario Central – a velocidade e habilidade de Marcos Guilherme e Boschilia como reposição pela saída de Nico López (Tigres-MEX); o apoio lateral de Natanael e Rodinei; além do reforço pontual de Thiago Galhardo (ex-destaque do Ceará) e Gustavo (ex-Corinthians) e a contratação em definitivo do promissor Nonato. Nomes cirúrgicos sem demasiada badalação que vêm sendo saudavelmente mesclados aos já veteranos, como o ídolo D’Alessandro e os experientes Guerrero, Patrick e Cuesta. Além disso, a integração gradual dos garotos campeões da Copinha – nomes como o do atacante Guilherme Pato e do meia Praxedes já figuram nas escalações de Coudet.
Bons nomes, experiência, perspectivas, filosofia de jogo: nada falta ao Internacional de Eduardo Coudet, que vem melhorando a cada jogo. E se, nesse momento, o Campeonato Gaúcho e a Taça Libertadores seguem interrompidas e o Campeonato Brasileiro em vias de prorrogar o início, o torcedor colorado deve aguardar um retorno de trabalhos ainda mais categórico e comprobatório do método Coudet de jogar. Intensidade e volume são o mote do futebol no Beira-Rio em 2020.